
À partir de caractères chinois, dont la langue est fondée sur l'utilisation d'images pour la représentation des sons composant les mots (la logographie), dans “Portas do Ouver” Augusto de Campos explore les multiples sinogrammes incorporant le mot “porte” (門). Présentés de manière visuelle et sonore dans ce poème, ils correspondent aux mots suivants: VIDE (lune à travers la porte), MÉLANCOLIE (cœur dans la porte), BRUIT (oreille sur la porte), QUI ? (bouche sur la porte) et SANS SORTIE (verrou sur la porte). L'idéogramme qui donne le titre au poème correspond à la jonction des caractères pour “œil” et pour “oreille” et s’avère être une invention d'Augusto de Campos. Le titre renvoie à une traduction française du néologisme de Décio Pignatari (1956), “O olhouvido ouvê”, signifiant “vos yeux et vos oreilles”.
Le livre NÃO d'Augusto de Campos rassemble dans un même volume des poèmes imprimés et des poèmes présentés exclusivement sur un CD-ROM. Ces derniers ont été produits entre 1995 et 1997 et organisés en trois groupes distincts: les Animogrammes, les Interpoèmes et les Morphogrammes. Augusto de Campos, qui à l’époque acquiert son premier ordinateur, a ainsi pu approfondir ses recherches sur la couleur et la forme comme éléments poétiques et y ajouter des effets rendus possibles par l'ordinateur, comme le mouvement et la sonorité.
26 ans nous séparent des clipoèmes, et ces œuvres courent désormais le risque de l'obsolescence due non seulement à la fin des activités de Flash - le logiciel à partir duquel les œuvres ont été créées -, mais également à la désuétude de son support matériel, à savoir le lecteur CD lui-même, équipement peu utile de nos jours.
Les poèmes récupérés pour le projet de Trans[création], c’est-à-dire "Conversogramas", "Caos Cage" et "Portas do Ouver", font partie du groupe "Interpoemas". Cette série est interactive et a fait l'objet d'un processus de restauration coordonné par le consultant technologique de aarea.co, Adriano Ferrari, en dialogue constant avec Augusto de Campos, qui a fourni le matériel d'archive et a autorisé les diverses réformes mises en œuvre.
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In “Portas do Ouver” Augusto de Campos employs Chinese characters—logographs, or images which represent the sounds that compose words—to explore the multiple sinographs that incorporate the word “door” (門). The sinographs, presented through imagery and sound in the poem, correspond to: EMPTINESS (moon through the door), MELANCHOLY (heart inside the door), SOUND (ear on the door), WHO? (mouth on the door) and DEAD END (latch on the door). The ideogram which lends itself to the poem’s title arises from the junction between the characters for “eye” and “ear,” a result of Augusto’s creative license. The title references a French-language translation of the Décio Pignatari’s neologism (1956), “O olhouvido ouvê,” meaning “your eyes and your ears.”
Augusto de Campos reunites his print and CD-ROM poetry in a single volume entitled NÃO. The poems published exclusively on CD-ROM were produced between 1995 and 1997, and categorized into three distinct groups: Animograms, Interpoems and Morphograms. It was thus that Augusto de Campos, who had only just acquired his first computer, was able to further his research on color and form as poetic elements, while adding effects made possible by the computer, such as movement and sound.
It has been 26 years since de Campos’ clipoems first appeared, and in that time the works have become continuously more endangered, not only due to the end of Flash, the software with which de Campos created his works, but also due to the obsolescence of hardware such as the CD player, an increasingly rare device.
The poems included in the Trans[creation] project, “Conversogramas,” “Caos Cage,” and “Portas do Ouver,” are part of the “Interpoemas” group. These interactive poems were restored by aarea.co’s technical consultant Adriano Ferrari, through a constant dialogue with Augusto de Campos, who provided the source material and authorized the transformations that took place during the process.
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A partir de caracteres chineses, baseados no uso de imagens para a representação de sons que compõem as palavras, Augusto de Campos explora, em “Portas do Ouver”, ideogramas derivados de combinações com a palavra "porta" (門). Os ideogramas apresentados visual e sonoramente nesse poema correspondem a: VAZIO (lua através da porta), MELANCOLIA (coração atrás da porta), UM SOM (ouvido através da porta), QUEM? (boca através da porta), SEM SAÍDA (ferrolho sobre a porta). Já o ideograma que dá título ao poema - correspondente à junção de "olho" e "ouvido" - é uma invenção de Augusto de Campos em chinês. A menção, neste caso, é também uma tradução para o francês do neologismo criado em 1956 por Décio Pignatari: "O olhouvido ouvê".
O livro NÃO, de Augusto de Campos, reuniu em um mesmo volume poemas impressos e poemas apresentados exclusivamente em um CD-ROM. Estes últimos foram produzidos entre 1995 e 1997 e organizados em três grupos distintos: Animogramas, Interpoemas e Morfogramas. Augusto de Campos, que à época adquiriu seu primeiro computador, pôde então aprofundar sua pesquisa de cor e forma como elementos poéticos e acrescentar a ela efeitos apenas possibilitados pelo computador, como o movimento e a sonoridade.
26 anos nos separam dos clipoemas, como são chamados, e esses trabalhos correm o risco de obsolescência devido não apenas ao fim das atividades do Flash, software a partir do qual as obras foram criadas, mas também a questões "materiais" referentes ao suporte - no caso, o próprio leitor de CD, equipamento de pouco uso hoje em dia.
Os poemas resgatados para o projeto Trans[criação], "Conversogramas", "Caos Cage" e "Portas do Ouver", fazem parte do grupo "Interpoemas", que supõe interatividade com o público, e passaram por um processo de restauro coordenado pelo consultor de tecnologia do aarea.co, Adriano Ferrari, em constante diálogo com Augusto de Campos, que forneceu o material de arquivo, acompanhou o processo e autorizou as reformas implementadas.